domingo, 12 de abril de 2015

Primeira internação, espero que última, pela quimioterapia.

"E a alma, outrora rasgada, fará das cicatrizes uma arte emoldurada e rebordada de vida, na certeza de que toda a dor, bem lá no fundo, labora a nosso favor."

Bem, o que mais temia aconteceu! Dia 7/04, precisei me internar. Como tinha relatado, na postagem do dia 7 mesmo, estava em um processo de estresse já fazia uns dias, dormindo mal e sobrecarregada de tarefas. Difícil relatar com precisão tudo que vivi nesses dias, talvez nem queira, mas não foi ruim, foram dias de grandes aprendizagens.
Acho que a minha internação foi um surto de cansaço, estava sobrecarregada, sem dividir com ninguém. Meu corpo surtou, gritou, pediu socorro. Meus leucócitos foram lá para cima de tão altos que estavam, nenhuma infecção tão séria que justificasse esse excesso, apenas uma infecção cutânea. Foi só o corpo mandando dividir com alguém, Pôr para fora.

Alguns acontecimentos desses dias ( fiquei 3 dias e meio no hospital) vou carregar para sempre no coração. Uma psicóloga apareceu no CTI para conversar comigo. Ela falou muitas coisas interessantes que vou lembrar sempre. Disse que tinha visto meu prontuário e que resolveu aparecer lá, porque viu uma pessoa jovem passando por tantas coisas. Nessa hora que ela começou a falar, fiquei um pouco emocionada, disse para eu aproveitar a minha juventude para superar. Também questionou se não fazia terapia, disse que tenho que cuidar da base. Disse para ela, que estava fazendo muitas coisas ao mesmo tempo e estava muito animada indo à nutricionista, fazendo comida. Ela me disse, "mas você só estava colocando para dentro, não colocou nada para fora" Ela estava certa, é um subterfúgio querer tanto a saúde e ter dificuldade de lidar com a doença. Eu disse para ela que assim que saísse do hospital, a primeira coisa que faria seria procurar um psicólogo, ela brincou, disse," a primeira não, pois assim a gente acaba não cumprindo".

Uma técnica de enfermagem super fofa conversou muito comigo, falou de como Jó superou suas adversidades. Ela me disse," minha filha, se Jó superou tanta coisa, você acha que não vai superar isso?!" pediu para ler a parte de Jó na Bíblia quando chegasse em casa, ainda vou ler. Conversamos também sobre São judas e Santa Luzia que tem uma história linda, foi uma grande guerreira.

Depois minha irmã foi lá me visitar no CTI e foi muito difícil, mas ao mesmo tempo, foi muito bom, pois a partir dali sabia que o peso todo que estava carregando sozinha, estaria e ficaria um pouco mais leve. Antes dela chegar no CTI, tinha desenhado uma casinha com coração em um caderninho que ficava perto de mim. Quando ela foi embora, escrevi no caderninho "Hoje eu descobri que Deus é bom" 08/04. Pena que o caderno se perdeu, pois guardaria o desenho para sempre.

No mais, meus pais foram me visitar depois. Eles e minha irmã estão me ajudando bastante. É ainda estranho precisar tanto de ajuda, mas sei que é uma fase e mais do que nunca, sei que não tem como passar por tudo isso sozinha. Foi difícil encarar, assumir, pedir ajuda, mas creio que dificuldades acontecem para o bem também, para que as relações amadureçam.

Decidi parar de trabalhar por um tempo, uma decisão difícil , mas preciso focar no tratamento, na minha sanidade mental, pois não sou uma máquina. Acho que o trabalho me fez bem nesses últimos meses, mas não posso ser negligente. Essa fase do tratamento é cansativa, estressante, tenho que descansar e contar com a ajuda da minha família que também ficaria preocupada se trabalhasse.

Terminei a noite, passando e mail para o meu médico agradecendo a atenção de sempre. Mandei e mail também para a secretária dele, pedindo para marcar consulta com uma psicóloga para mim.Essa semana tenho umas tarefas meio chatinhas, como exame, ver minha licença, mas pretendo desestressar um pouco.

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